sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Ball talk

No jogo de ontem à noite entre o Benfica e o Rosenborg, o jogador Nuno Gomes falhou provavelmente da forma mais escandalosa da história do futebol, um golo certo. Entre ele e a baliza a 20 cm de distancia, havia apenas ar...(uma baliza tem 7 metros de largura por quase 3 de altura). A bola veio ao seu encontro e ele remeteu-a caprichosa e incompetentemente para as mãos do guarda redes adversário. Um locutor da TVI logo acudiu em defesa do ponta de lança: "Ele não estava á espera daquela bola..." Desculpem!! Mas se ele não estava á espera daquela bola, de que raio de outra bola esperava ? Que esperava então, num lance de bola parada, ali sozinho, posicionado a menos de meio metro da baliza ? Encontrar o sentido da vida, o amor da sua vida ? Não é função de um goleador esperar pela bola, estar no sitio certo no momento certo, num sítio onde a possa receber e marcar golo ? Um matraquilho não faria melhor!
...
Durante todo o jogo, ouve-se algures um homenzinho aos berros, chamando e gritando constantemente pelos nomes dos jogadores. A camera aproxima-se e foca-o... É Camacho (Camátchô), o treinador espanhol do Benfica. É ele o principal responsável por pôr a equipa a jogar (quase) como deve ser, de os pôr a suar e a comer a relva. Futebol deve ser assim. Ainda a comem de faca e garfo, mas com Camacho, mais alguma berraria e mais algum tempo, acabarão as indigestões, virão os resultados inteiros e não apenas amostras, virão os golos e as grandes exibições, assim venha também uma nova direcção e um ponta de lança sem franjinha. O estilo de Camacho pode não agradar aos jogadores mas agrada aos adeptos, porque sentem que o treinador vibra, sente e sofre o jogo. Há muito tempo que não se sentava e levantava do banco encarnado um treinador assim.
...
No final do jogo, o locutor da TVI volta à carga, quando Nuno Gomes é finalmente substituído:
"Camacho teve ali uma troca de palavras muito interessante com Nuno Gomes quando ele se dirigiu para o banco de suplentes...
(pausa)
Camacho perguntou-lhe, Nuno estás bem ?, ao que o jogador respondeu, Sim estou bem, apenas cansado."
Shakespeare não faria melhor.
...
O Benfica ganhou por 1-0. Mais que suficiente para garantir a passagem à próxima eliminatória.

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Deus, patrocinador oficial

"A bíblia é um livro de razões, arqueadas umas sobre as outras, impiedosas, mortíferas, cuja principal razão é provar que Deus tem sempre razão, porque está acima dela, o que é uma razão suficiente para, justamente, não ter de apresentar razões." in "Pequeno tratado para uso daqueles que querem ter sempre razão", Georges Picard

sábado, fevereiro 21, 2004

Perseguição (série, história infilmáveis)

Nus,
Numa madrugada quente,
Na obscuridade,
Conseguem ser verdadeiramente,
Sozinhos.
Não têm o mínimo medo,
Esses medos.
E podiam mesmo morrer a qualquer instante.
Sentem que sim,
Intensamente,
E amam.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

"Entrevista histórica"*

Ontem à noite, terá sido apenas uma feliz coincidência, a entrevista de Pinto da Costa ter ido para o ar no horário habitual dos “Malucos do Riso” ?
* SIC dixit

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

1 £ = 1.325 €

Durante o dia de hoje, os adeptos ingleses para o jogo de logo à noite entre as selecções portuguesa e inglesa serão recebidos no aeroporto de Faro por moçoilas lusitanas que, vestidas a preceito, lhes distribuirão flores e sorrisos. Estarão também a recebê-los grupos de danças e cantares, e antes do jogo haverão ainda outras performances artísticas. Objectivo: manter os ‘hooligans’ sossegadinhos. Isto é, dar um tratamento visivelmente especial, quase de tapete vermelho, a quem menos merece. Na sua maioria, uma cambada de fanáticos com fama e proveito de fazerem sempre porcaria onde quer que vão... Quando deveriam ser recebidos, no máximo, como os outros, talvez até com maior discrição mas subtilmente controlados.

Bryan quem ?

Slave to love – Lavado para amar
It’s only love – Isto é só amor mas passa
Will you love me tomorrow – Apesar da tua amnésia, ainda me amarás amanhã
That’s how strong my love is – Estás a ver o pilar daquela ponte, o meu amor por ti é assim
Crazy love – Amor maluco, à Julio de Matos
The price of love – Querida, esperemos pelos saldos
I love how you love me – Amo como me amas e vice versa, acho eu
This love – Fica com este amor que é o teu número
Falling in love again – Cair outra vez do amor abaixo
Love me madly again – Ama-me, mas agora pode ser á Miguel Bombarda
Is your love strong enough – É o teu amor suficientemente forte ou precisas de vitaminas
My only love – Amo-te ao de leve
Goddess Of Love – Goza-me ou louva-me
Nobody Loves Me – Ninguém me ama com este cheiro na boca
A Fool For Love - Um louco por croquetes
One Way Love – Amor com sentido único e traço continuo
I'm In The Mood For Love – Estou assim com umas ganas para amar que nem te digo
Sweet and Lovely – Doce e com sabor a groselha
Lover Come Back To Me – Amor agora por trás, faz a vontade a mim
Love Me Or Leave Me – Ama-me ou deixa-me da mão

Quem quer que cantasse tantas vezes o amor como canta Bryan Ferry, dificilmente poderia escapar a um rótulo, ser conotado de cantor pimba ou piroso, ou ver títulos de musícas suas serem parodiados num blog de quinta categoria. Ferry escapa a quase tudo isto, mas seguindo a ordem natural das coisas, mais tarde ou mais cedo começará a percorrer o calvário dos cantores românticos em decadência, fazendo primeiro os intervalos de um ou outro concurso de misses, depois pisando os palcos dos casinos, até passar a ser a atracção da noite numa ou noutra festa social mais chique... Se tiver sorte e não acabar os seus dias a fazer a 1ª parte dos Irmãos Catita no Maxim’s! Mas não me parece. E o segredo da longevidade artistica do avô Ferry, está não só na qualidade das letras, como também na sofisticada orquestração das suas musicas, ambientes sonoros intemporais muito intensos e envolventes que assentam que nem uma luva na sua inconfundível voz lamuriante. No seu ultimo álbum, “Frantic”, parece ter-se virado mais para o mercado americano, indo buscar algum ritmo às baladas country e aos blues, revisitando também mais assiduamente o estilo rock n’roll dos anos 70, coisa que no entanto ele pontualmente sempre fez questão de fazer. O álbum tem em “a fool for love” o grande Bryan dos velhos tempos e em “hiroshima”, 3.14 minutos do Ferry actual e em grande forma.

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Rosas anãs (série ‘histórias infilmáveis’)

Um homem coloca religiosamente todos os dias uma espécie de rosa anã à frente de uma mulher que se apaixona e acaba por lhe dar tudo o que tem. E pela primeira vez na vida ela está feliz porque sente não ter mais nada a dar. Durante algum tempo vive num mundo perfeito onde as únicas flores que existem são as que recebe. Até que, inesperada e inexplicavelmente, o ritual da rosa anã pára. A mulher, de certo modo, estranha a ausência, mas continua a respirar o perfume que ainda paira no ar. E num dia que sabia ser muito especial para ela, o homem vai-se embora deixando para sempre palavras por dizer.
Longe de tudo, o homem tem um sonho onde confessa à mulher que recorre à crueldade sempre que não compreende como pode alguém gostar de rosas anãs. Haverão mais razões mas ele acorda e apercebe-se que afinal tinha sido um sonho. Aliviado, sente-se revigorado e pronto para continuar o seu cultivo.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

O Jack é que sabia

Graças ao psicótico descubro Kerouac:.
"A Humanidade é como os cães, não como os deuses (dogs vs. gods, get it?) - desde que não fiques louco, eles mordem-te - mas fica louco e nunca serás mordido. Os cães não respeitam a humildade e o arrependimento.", Jack Kerouac dixit

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Crime, dizem eles

“Quando toda a possibilidade do desejo é usurpada pela propriedade privada, a usurpação da propriedade privada é a única possibilidade de reapropriação do desejo. Contra o crime injusto, o justo crime (...) porque no mundo invertido do dinheiro, só os que se adaptam à podre tranquilidade que se ergue sobre o caos da vida de biliões e biliões de marginalizados, estão ao abrigo da lei.”
in, “Manifesto pela associação internacional dos amigos do crime e do pecado, inimigos do castigo. Sejamos todos perigosos sociais!”, Ilana e Emiliano

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Terror na auto-estrada

Pode ser que já vos tenha aparecido ou venha a aparecer na caixa de mail. Trata-se de uma sequência de imagens chocantes de um géninho (GNR) acocorado junto a um aparelho caça-multas (radar de velocidade), escondido atrás de um pilar de um viaduto sobre a A1, algures ali para as bandas de Leiria.
Deveria ter eu uns 3 ou 4 anos, lembro-me de uma vez, numa estrada de província, onde muito raramente passava um ligeiro de passageiros, lembro-me do meu pai ter passado sem parar o carro (um lendário Ford Capri) no sinal STOP de um cruzamento, tendo tomado antes, naturalmente, precauções sobre se efectivamente viria algum tractor ou carroça a passar, tarefa facilitada pela boa visibilidade do local. Logo de imediato, 20 metros mais á frente, saltaram dois géninhos de trás de uns arbustos e puseram-se no meio da estrada. A cena foi ridícula, com a minha avó nos bancos de trás num histerismo indiscritível, como se nunca tivesse visto um géninho ao vivo (se calhar não), e os cabr*es ainda a multarem o meu pai por ter o carro com os pneus carecas e com o escape livre (coisas absolutamente normais no pós 25 de Abril). Ora, a julgar pelas imagens denunciadas no mail que mencionei, géninhos escondidos à coca da multa é mal que ainda persiste, mau grado o passar das gerações. Não consigo imaginar imagem mais degradante da condição humana que ver um ser humano á espera que outro semelhante, cometa um ‘erro gravíssimo’, seja apanhado com o pé na argola (no caso, acelerador), para depois lhe saltar hipocritamente em cima. É do mais mauzinho que há no espirito português. Deveria a Guarda ser obrigada a colocar avisos: "Géninho embuscado sorrateira e ignobilmente á caça de multa a 2 KM". Só os estúpidos ou os que se estão cagando para as multas porque têm papel e estão habituados a pagá-las, só esses seriam apanhados. E como há muitos estúpidos, o fluxo de receitas não seria afectado, pelo menos no curto prazo, fazendo-se justiça. Os estúpidos que paguem a crise, sempre disse! Porque não penalizar esta raça com estes e outros impostos, para que tendencialmente fosse extinta, e a seguir passar-se à penalização fiscal de outras pragas, uma purga à grunhice, à ignorância, ao lambe-botismo, ao filho-putismo, ao chico-espertismo e ao corta-unhismo (o pessoal que corta as unhas nos transportes públicos!) ? Este país é uma miséria e não é preciso ser-se nenhum Victor Hugo para o escrever. Precisava da implementação destas e de outras medidas estruturais urgentes que visassem atacar aquilo que verdadeiramente enferma o dia-a-dia do país real e que se tem vido a fossilizar perigosamente na mentalidade portuguesa.
Outra cena macabra, que agora me ocorre, aconteceu no verão passado. Um espanhol montado num jipe, farto de estar na fila de uma auto-estrada, galgou o fosso separador central e mudou de faixa. A cena passou com grande alarde no telejornal da SIC como exemplo de condução perigosa(!!?), com direito a várias repetições e com o Rodrigo Guedes de Carvalho chocado, quase a apelar ao Presidente da República para condecorar o gajo qualquer, português de gema, que de camera de vídeo em punho, filmara tudo, com direito a ZOOM obsceno para a matricula do espanhol. Se isto fosse um país como deve de ser, o voyeur bufo veria a camera apreendida, era obrigado a pagar ele a multa em quadriplicado e o nuestro hermano convidado a fazer uma palestra no CCB sobre condução todo-o-terreno. O raio do espanhol podia ser espanhol mas como não tinha a tolerância preguiçosa nem a pachorrice doentia dos lusitanos, obviamente não estava para estar ali a pastar horas e horas até que a pôrra da bicha andasse. Mudou para uma das faixa do sentido contrário para depois prosseguir por uma estrada secundária ou parar numa área de serviço para beber uma bejeca sem álcool, dando o seu tempo por melhor empregue. E fez muito bem! E assim toda a gente o deveria fazer, sempre que houvesse uma bicha, essa chaga civilizacional dos tempos modernos! Infelizmente neste país ninguém muda de faixa, obedece-se a tudo, suporta-se tudo ordeiramente sob o manto dum civismo falso e cobarde. E como não bastasse, ainda se paga portagem.
Não resisto a referir ainda outra obra da grande casa géninha lusitana, com direito a filmagem e passagem repetida por inúmeras vezes no telejornal da SIC com a benção novamente de São Rodrigo, padroeiro dos bons condutores. Um carro géninho, á paisana como não podia deixar de ser, começa a perseguir impiedosamente o carro de um pacato cidadão que apenas seguia com pressa. A pressa rapidamente se transforma em alta velocidade e depois em condução perigosa. E só tinha que terminar mal esta infeliz sequência. Imaginem de repente terem no espelho retrovisor do vosso bólide, um carro conduzido por uns gajos quaisqueres de bigode a tentarem colar-se a vocês. É natural que o pânico vos invada, que vos venha á memória filmes como “Terror na autoestrada” ou o “Encontros Imediatos do Terceiro Grau”. Naquela situação, acelerar é a única solução. A perseguição terminou com o despiste do carro perseguido e quiçá, a condecoração dos heróicos agentes da autoridade... Mais chapa importada do Japão para a reparação, mais tempo perdido em burocracias de seguros, mais uma entrada no hospital com ferimentos ligeiros, mais um trofeu para a colecção de candid-cameras da GNR, mais uns preciosos minutos de grande informação para a SIC, mais uma razão para nos deixar a todos indignados.

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Quando azeda

A multidão saudou efusivamente a promessa de viagra à borla para todos."
- Quando fazes amor estás a gastar energia; e a seguir sentes-te bem e estás-te lixando para o resto. Eles não suportam que uma pessoa se sinta assim. Querem que estejamos sempre cheios de energia. Toda esta treta de andar cá e lá a dar vivas e a agitar bandeiras é simplesmente a forma que o sexo toma quando azeda.
"
in, 1984, George Orwell

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

As flores (série Histórias Infilmáveis)

Um homem vive o drama permanente de alguém que não consegue fazer estalar as norças dos dedos. Até que certo dia, numa esplanada à beira estrada nacional, conhece uma mulher que era capaz de recitar, sem mexer os lábios, um poema escrito com os olhos fechados. Além disso, a mulher tinha um assobio que se ouvia a vários litros de distância e gostava de mastigar aloe vera esmagada em cubos. O homem estava tão satisfeito e tão automaticamente apaixonado que se pôs a balir, e como tal, correu os jardins mais próximos em busca de flores viçosas para comer. A mulher ficou à sua espera na esplanada e entretanto mandou vir mais um empregado de mesa bem passado. Surgiu de imediato um prato de tremoços com o pedido, que a atendeu melhor que o prato de caracóis, e por isso mereceu melhor gorjeta. A espera pelo homem que tinha ido ás flores e nunca mais vinha, era visível no rosto dum mendigo que pedia boleia aos carros que seguiam no sentido contrário daquele para onde queria ir. Mas ninguém notava.
O homem procurava flores por toda a parte e com o passar do tempo perdera a fome e parara de balir. Na realidade havia um silêncio sepulcral por todo o seu aparelho digestivo. Resolveu que apanharia as flores não para comer, antes para as oferecer à mulher, um sinal do seu amor. Imaginava-a sentada à sua espera e isso excitava-o. Felizmente viu ao longe um lindo canteiro de flores de todas as cores e feitios. Ele sempre preferira flores com mau feito e daí os cravos serem a sua preferência. Reparou no entanto que o canteiro era guardado por dois crocodilos fêmeas que estavam entretidos a comer o poeta que escrevera o poema de olhos fechados. Aproveitando que comiam deliciadas uma estranha genitália, o homem esgueirou-se e apanhou para dentro do bolso das calças o maior número possível de flores. Mas subitamente picou-se num espinho de rosa e gritou f*da-se, o que provocou uma reacção estranha nos crocodilos. Um deles começou a transformar-se num crocodilo macho e o outro engasgou-se. Surgiu um terceiro, que seria hermafrodita, com uma tesoura numa das mãos e uma palmada nas costas na outra. O que se passou a seguir o homem não sabe porque entretanto apanhara boleia duma antiga combatente da grande guerra dos sexos. Durante o caminho contou-lhe como tinha sobrevivido ficando sempre por cima, as camas que tinha conhecido, as peças de roupa que tivera que deixar para trás... O homem parecia conhecer aquele nariz de algum lado, assim como o sabor daquele perfume.... Mas, com a conversa, tinha adormecido e sonhado que estava a chegar à esplanada onde a mulher o esperava fielmente sentada de cócoras. Subitamente o homem acordou e realmente tinham chegado sim senhor. O mendigo que pedia boleia agarrou-o por um braço e puxou-o pelo canudo do depósito da gasolina pelo que as flores ficaram num estado pior que ele. O carro voltou para trás pelo mesmo caminho, agora com os dois ocupantes que felizes cantavam uma musica chamada piloto automático que há muitos anos era utilizada como escape livre.
O homem pegou nas flores e dirigiu-se até à esplanada onde havia um fogo de artificio que formava as palavras esplanada deserta. Parecia que tudo se tinha evaporado, restando apenas as mesas, as cadeiras, e umas cascas de nós que pareciam ter ali sido estrategicamente deixadas ao acaso. Sentiu vontade de ir à casa de banho mas não viu a porta dos homens. Apercebeu-se que não existiam nem portas nem paredes, nem pneus de automóvel ou postes de electricidade. Chamou pela mulher mas como não sabia o seu nome ficou calado. Então ao longe começou a ouvir-se um assobio misturado com o barulho dum motor a diesel que parecia afastar-se cada vez mais. Passou as mãos pela cabeça e rezou para que começasse a chover tónico capilar. Atirou com as flores para dentro das goelas dum porco com peste suína que já ali estava há 5 minutos de boca aberta e fez uma derradeira tentativa para fazer estalar as norças dos dedos. Talvez aquele barulho fizesse abafar o som do assobio que entretanto se tinha transformado numa grande e invisível dor de cabeça. Como não conseguia, montou-se em cima do porco e premiu o botão start. Numa arriscada manobra de marcha atrás, viu-se cara a cara com o poeta que escrevia poemas com os olhos fechados e que entretanto se tinha transformado num estivador sem pernas nem genitália mas de olhos semi-abertos. O porco, reconhecendo-o, vomitou de imediato uma jarra de flores e desfez-se em elogios e foi preciso chamar a empregada da limpeza para apanhar aquilo tudo para dentro dum balde amarelo em forma de alicate. O estivador carregava ás costas um best-seller que o homem se prontificou a ajudar a rasgar. E assim o fizeram até não terem mais forças, nem sequer para pensar no dia de amanhã.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Tarde de mais (reloaded)

Daqui a pouco vou fazer mais uma tentativa para descobrir o sentido da vida.Há pessoas que, parece-nos a nós, estão sempre á beira de “qualquer dia cometerem uma loucura”. Não falo daquelas que fazem dos sapos a sua dieta diária, que heroicamente se contêm e não vão às trombas a quem merecia. Falo daquelas pessoas que facilmente podemos imaginar no alto do Empire State Building a dizerem "Adeus mundo cruel!". Esse tipo de pessoas que no fundo só dão preocupações, são umas chatas do caraças, só querem atenção e mimos que muitas vezes nada fazem para merecer, e apesar dos constantes e dramáticos queixumes e choradeiras, é vê-las renascer para a vida depois de recorrerem a pequenos elixires da felicidade, como podem ser por exemplo uma bugiganga comprada em qualquer loja dos trezentos ou o assistir a mais um episódio da telenovela.
Eu devo ser do tipo de pessoa que talvez se suicidasse, talvez possa transmitir essa sensação a quem me conhece superficialmente... ou mais ou menos superficialmente também... quem sabe, profundamente.... Mas apesar das probabilidades disso acontecer serem razoáveis (0,00000016011971%) asseguro a mim mesmo que jamais acontecerá. Aliás, escrever ajuda muito as pessoas do meu tipo. Quem sabe quantos milhares de suicídios terá evitado o Blogger! Ou pelo menos adiado. E além do mais o suicídio é um cocktail obsessivo de desespero e coragem que jamais seria capaz de beber. E por outro lado, gosto demasiado de donuts para deixar que semelhante ideia utilize os recursos de sequer um dos meus preciosos neurónios.
Lembro-me de um apresentador da TVI que há uns anos atrás se atirou da ponte sobre o Tejo abaixo. Certamente pertenceria ao grupo daqueles que nunca ninguém iria imaginar... São esses os que constituem o principal grupo de risco, os que não recorrem aos ombros dos amigos, às lojas dos trezentos, à linha SOS suicídio, os que, enganados, se têm por inúteis, que julgam já terem lido e visto tudo ou não haver mais nada a aprender, os que sofrem verdadeira e interiormente angustias inimagináveis sem o demonstrarem aos outros, os mais sozinhos do mundo, os que realmente são capazes de transformar a própria existência em algo de irresolúvel, a vida em algo de “tarde de mais”.

terça-feira, fevereiro 03, 2004

Fwd’s

I.

1) Vá a www.google.pt
2) Escreva ou copie daqui: weapons of mass destruction.
3) Não carregue em Search!!
4) Em vez disso, fazer click em "Sinto-me com sorte"
5) Ler a mensagem de erro com muita atenção!


II.
Uma petição para forçar a A.R. a debater e acabar com esse escândalo vergonhoso que é alguém, só porque é ou foi deputado, ter direito à reforma mais cedo que os pacóvios (eleitores) que votaram nele. Assine aqui.
III.
"
Os políticos são como as fraldas.
Devem ser trocados constantemente e sempre pelo mesmo motivo.

"
IV.
Uma das mais espectaculares acções terroristas (militares) de sempre dos Estados Unidos, cujo resultado pode ser visto aqui.

Fight Clubs

Num claro voltar à normalidade que já tardava, após o fatídico acontecimento do anterior fim de semana, o fugaz episódio de foirada de meia noite do passado jogo de futebol em Guimarães, entre a equipa local e o Boavista, veio mais uma vez demonstrar o calibre do futebol português e constituiu um excelente teste à qualidade do mobiliário multiuso que equipa os nossos novos estádios de futebol. Temos justificados motivos para estar orgulhosos daquelas cadeiras em plástico, reforçadas com fibra de vidro, e que, como todos vimos, apesar de arremessadas violentamente contra o chão e até contra os árbitros, não se partiram ou racharam sequer.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Turismo google: à descoberta de um país

Portugal, país hospitaleiro

500.001 ...
500 mil afectados pela fibromialgia, o síndroma de fadiga crónica.
500 mil incontinentes
500 mil diabéticos
500 mil com disfunção eréctil
500 mil asmáticos ou com rinite alérgica
500 mil casais inférteis
500 mil depressivos
500 mil alcoólicos
499.999 ...

Somos só 10 milhões! Poucos mas... doentes.

Fonte: sites da internet, via motor de busca.

De volta ao Blogger

Depois de uma passagem pelo Weblog, o espécie volta ao Blogger.