sexta-feira, maio 30, 2003

Ficas com os carocos e eu com a pele, certo ?Os Caroços
Uma menina está a brincar à malha sozinha e ninguém está a reparar nela. Entretanto ouve um gritinho e vira-se, pensando que seja uma das suas amigas imaginárias querendo desconcentrá-la. Era uma outra menina que tinha acabado de pisar um gafanhoto daqueles grandes e castanhos. A menina continuou com o seu jogo da malha, ao pé cochinho, baixando-se para apanhar a pedrita que momentos antes tinha atirado para a frente. Descobre que afinal não se trata duma pedrita coisa nenhuma, antes um caroço de damasco. Abana-o e repara que não faz toc-toc como faz a caixa de anti-depressivos que a mãe tem secretamente escondida na cafeteira eléctrica. A outra menina, que entretanto se tinha entretido a observar as formigas que agora devoravam o que restava do gafanhoto espezinhado e que ainda esperneava, aproxima-se e começa a apagar, maldosamente, os traços no chão do jogo da malha, enquanto cantarola uma musica baseada em factos verídicos. Era mesmo maldosamente porque sempre que fazia algo por maldade, a menina punha a língua de fora e tentava com a mesma chegar a uma verruga com a forma dum paralelipedo, verruga essa bem saliente e que tinha na face mesmo ao lado do nariz, assim como quem vai na direcção do olho direito. A menina do caroço de damasco na mão pergunta-lhe, olha lá, achas certo o que estás a fazer ? E a outra responde, enquanto não encontrar o caroço de damasco que perdi ontem quando estava entretida a fazer uma lobotomia a uma borboleta, mais ninguém que esteja perto de mim, num raio de 10 metros, terá sossego na vida!! A menina do caroço de damasco na mão, discretamente faz muita força para apertar o caroço e assim o esconder. Mas a outra, que tinha ténis novos e não via a hora de os saber calçar sozinha, desconfiou e disse olha lá porque é que continuas ao pé cochinho, se já te apaguei os riscos todos do chão ? És tola ou quê ? A outra ficou tão corada com aquela observação que disse, a minha mãe está a chamar-me, tenho que ir antes que o meu pai lhe grite para gritar mais baixo. A gritaria era quase infernal mas não era diabólica. Era assim, Oh Mariiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiia, Oh Mariiiiiiiiiiiiiiiiiiiiia. Nisto disse a menina da verruga, de facto, só me podes estar a esconder alguma coisa porque a Maria aqui sou eu e mais ninguem. Nisto mostrou à outra uma folha de papel com uma redacção da escola com o titulo “O meu nome é Maria graças a Deus”, e continuou, palpita-me que deves saber onde está o meu querido caroço. A menina do caroço de damasco na mão passou de corada a branco natureza porque entretanto a outra começou a pintá-la à trincha com uma tinta plástica hidrosolúvel. Antes de levar uma pincelada na boca, ainda teve tempo de dizer, não era melhor ires para casa antes que gastes a tinta toda aos homens na Junta Autónoma das Estr... (?) Começa então a chover, e no chão forma-se um imenso lago branco, pois a terra, saturada com as chuvas daquele mês, não absorve a água da lata e a tinta da chuva. Subitamente no local onde estão as meninas, pára de chover. Uma grua faz passar por cima delas um espelho gigante destinado ao tecto do quarto anão duma vizinha que dá nas vistas, que vive sozinha raramente no 18º direito. As meninas olham e observam as suas imagens reflectidas lá em cima, duas pequenas faces no meio do branco natureza, faces que iam no entanto ficando cada vez maiores, cada vez maiores, cada vez maiores, cada vez maiores, cada vez maiores... Ficam tão fascinadas com o que presenciam, que começam de imediato a correr da li para fora. Na atrapalhação da fuga, o caroço de damasco cai das mãos da menina que o tinha, logo seguido do enorme espelho que, no entanto, era à prova de bala, logo, no chão, apenas se partiu em quatro partes. Passado mais ano menos ano, depois de todo aquele bairro ter sido demolido e o entulho sido traficado para um país que ninguém desconfia, uma das meninas, agora mulher, é lascivamente acariciada na sua borbulha, agora em forma de cone, naquele mesmo sítio, debaixo duma árvore, quando um damasco lhe cai em cima da cabeça e se abre em quatro partes. Do seu interior salta o caroço para as suas mãos e diz, não me reconheces ? sou o teu caroço caraças! olha, o meu caroço, como terá vindo aqui parar ? Não olhes para mim, diz a outra com um caroço de nêspera escondido na mão.

quinta-feira, maio 29, 2003

Panadas de Postas de Pescada
"Os Blogs estão na moda..."
Depurar
A verdade é que a mariquice das sondagens (poll) aqui no blog revelou-se um fracasso ainda maior que o próprio blog em si. Estava-me já a fazer ao Jaguar mas não tive sorte nenhuma. Se a primeira sondagem ainda teve 8 cliqueiros, esta ultima sobre se seria preferível acreditar na vida antes ou depois da morte, merecia até à data apenas um clic, um desprezível clic. Como esta e outras ‘features’ só servem para atafulhar as templates de código e tornar as páginas mais lentas, decido retirá-la do ar. As audiências assim obrigam. É uma decisão irredutível. E só um abaixo assinado com mais de uma assinatura ou a proprietária da cervejaria ali em baixo aceitar a minha sugestão de haver uma ‘happy hour’ todas as sextas a partir da 17h me fará voltar atrás.
Além das sondagens, já retirei outro lixo que tinha colocado, deslumbrado que estava com estas mariquices todas que desconhecia existirem. Continua lá mais abaixo o bonequinho com a informação meteorológica que acho querido (não são só as gajas que têm direito a utilizar estes adjectivos!). Muda de roupa de vez em quando, aparecem nuvenzinhas, o sol, a chuva e houve um dia que, para gáudio dos fans, tirou os óculos escuros!!
Voltando ao tema desta ultima sondagem, julgo que o fracasso deveu-se à incómoda pergunta. Basta falar de morte para sentirmos desconforto, começarmos a pensar em carretas funerárias, varizes, amendoins com sabor a mofo, ‘talk-shows’ e morgues, enfim, aquele tipo de pensamentos que na nossa adolescência os nossos amigos mais velhos nos aconselharam a ter durante a nervosa e sempre precoce primeira vez. As questões a sondar deveriam ser mais comerciais. Tenho a certeza que uma pergunta do género “Concorda com a afirmação de Francesco Alberoni segundo a qual Nietzsche tinha consciência de que era louco ?” seriam um sucesso; o número de hits no meu blog disparava para números astronómicos e não tardaria a estar sentado na cadeira dum qualquer conselho de administração e a pedir pelo intercomunicador “tragam-me mais morangos com chocolate derretido s.f.f.”. Mas eu não sou comercial. Sou daquele tipo de gajo que nunca põe saldos e jamais entrará em liquidação total. Quanto muito faz descontos especiais, mas nem sempre a quem merece, infelizmente. Mas gosto terrivelmente de morangos. Já se está a ver o conflito institucional que há em mim...
Espero ter ainda muitos anos pela frente para poder falar da morte e parar de vez em quando nas bombas de gasolina para encher os furos lentos do meu carro. Na realidade já prometi a mim mesmo que quando o meu blog fizer o seu primeiro centenário, publico uma entrada com a palavra morte escrita em todas a línguas; trabalho de investigação que desde já me comprometerei a fazer mal me instale no nono círculo...
Eu não acredito na vida depois da morte e acho uma perda de tempo colocar-se sequer semelhante hipótese. Por isso, apesar de todas as contrariedades, tento acreditar ao máximo na vida antes da morte e que estará para breve um boom bolsista que nos vai salvar a todos.
Concordo com o Woody Allen, que diz assim mais ou menos, “não tenho medo da minha morte mas quando isso acontecer, não quero lá estar.” Acrescento que se alguma vez morrer, tenho a certeza que depois, onde quer que esteja, serei facilmente confundido com uma formiga ou qualquer outra bicharada que comigo morra nesse dia. Eu e toda a gente seremos confundidos. Não me confundam é com o Alberoni.

quarta-feira, maio 28, 2003

Recarregado
Fui ver o Matrix Reloaded. O filme começa de forma espectacular, com a Trinity a atirar-se da janela dum arranha-céus, indo desamparada aos tiros por ali abaixo com um dos maus; isto mostrado em camera lenta e com todo o detalhe. Mas depois, o 2º Matrix tem 20 ou 30 minutos bastante assustadores. Em Zion, a cidade real (de realidade), há conselheiros, políticos, generais, traições, mães de família carentes e rave partys. Tirando a parte da rave, aquela penosa meia hora em muito me fez lembrar toda aquela intriga política e mesquinha, aqueles conflitozinhos hierárquicos que há nos novos ‘star wars’. E há aquela conversa lamechas e demodée do ‘the choosen one’, que tinha esperança não fosse aprofundada neste 2º capitulo. Enganei-me. Foi-lhe dito que por artes divinas ele era o escolhido e o fulano neste capitulo já não tem disso dúvidas. Tão convencido que está que a determinada altura só à segunda consegue engatar um beijo como deve ser na Monica Bellucci (faz de mulher dum traficante de informação)! Desnecessário mesmo era vermos os esfarrapados pobres de espirito de Zion (o povo) ajoelhando-se com velinhas, oferendas e pedidos aos pés de Neo. Nem ali a malta tem juízo! Uma religiosidade que é depois levada ao cumulo do ridículo com o discurso inflamado de Morpheus dirigido ás massas antes de abrir a discoteca ‘underground’, à boa maneira ‘MTV live’ só que com muito mais calor e esfreganço, tudo salpicado com umas cenas tórridas de entremeio entre o Keanu Reeves e a Carrey-Ann Moss.
Mas o filme encarrila e acaba por ser um ilustre sucessor do 1º. Com porrada a rodos, tudo muito bem coreografado e sincronizado, muito pouco sangue e óculos inquebráveis... É limpinho! Mas um excelente elixir para os olhos, e acima de tudo, consegue pôr-nos os neurónios ás voltas com a filosofia matrix tornando tudo ainda mais complexo, como se fosse possível depois do primeiro capítulo.
Um surpreendente delírio visual e mental que vale todos os cêntimos do bilhete de cinema das segundas feiras.

terça-feira, maio 27, 2003

Aqui sou mesmo eu... mas nao digam a ninguem!Ícone 3.0
Quando surgem no mercado bocas e cenas escabrosas sobre gajas públicas e altamente desejáveis a todo o custo, fica-me sempre no ar a dúvida sobre o real alcance e objectivo do mexerico. Não duvido que por vezes tratam-se de golpes de marketing pensados ao milímetro pelas próprias visadas enquanto a maralha os consome julgando tratarem-se de verdadeiros escândalos, pequenos fins do mundo que alimentam o imaginário da malta sempre á espera da próxima. Sacanice à séria ou sacanice a brincar (golpe de marketing), no final de contas há sempre uma mais valia para as protagonistas e para os tablóides que ajudaram à festa. Gajas como Pamela Anderson ou Madonna, são algumas das que vão passando e facturando enquanto os cães ladram. Os escândalos e a má língua só vêm fazer jus à máxima “falem bem ou mal de mim, mas falem caraças!”
Tem circulado aqui pela Internet um já celebre mail com um ficheiro vídeo onde supostamente se veria a Fernanda Serrana armada em vedeta porno. A rapariga lá demonstrou a indignação da praxe desmentindo tudo, que não tinha sido ela a protagonista da gemideira. A guardiã TVI investigou a origem e conteúdo das imagens, recrutando para o efeito, diz-se, os maiores peritos em p0rnografia do país entre frequentadores dos peep-shows da capital, retirados do olímpia e coleccionadores de pequenos anúncios eróticos. Rapidamente se chegou á conclusão que a artista do ficheiro vídeo era uma actriz p0rno qualquer dum qualquer país de leste.
Confesso que até aqui nunca tinha reparado na Fernanda Serrano. Não é loura, nunca apareceu descascada na Maxim (Super Maxim ou whatever) e a TVI parecia ter o exclusivo da sua imagem telenovelizada, canal e programação que por norma não vejo... Do que sabia (via) dela eram aqueles anúncios do BPI onde a rapariga publicitava produtos financeiros. Para um gajo em falência técnica como eu, sempre achei aquele tipo de anuncio ofensivo, considerando-o como mais uma brincadeira sem graça ao estilo “isto só vídeo”. Ou seja, a Fernanda (nem o nome ajudava) não me dilatava um micro-milimetro sequer da pupila.
Mas esta coisa do mail p0rno, como qualquer outra sacanice de gajas públicas, fez de mim mais uma vítima. Foi ver-me uma noite destas a teclar entre aspas o nome da actriz na caixinha do ‘procurar’ do google. Sim, procurava mais informações sobre o vídeo, que é como quem diz, o próprio o vídeo (ficheiro .mpeg, .avi, desde que mexesse!). Um amigo meu já o tinha e mandava-mo por mail de boa vontade... Mas a minha caixa de mail só tinha disponível pouco mais de 0,5 Mb. A opção era apagar importantes ficheiros (!) ou abrir de propósito uma conta de mail para receber o vídeo da Serrano, opção que além de dar trabalho não me parecia eticamente correcta dado tratarem-se afinal de uns míseros segundos de pagode, provavelmente com uma qualidade de imagem dúbia. Daí a minha busca, a ver o que dava no google. E deu... Não encontrei o famigerado vídeo mas encontrei mais uma das mulheres mais bonitas que há memória, o que só veio mais uma vez comprovar a minha teoria segundo a qual, o país com as mulheres mais bonitas do mundo é sempre aquele onde estou de momento!
O golpe final deu-se quando entrei num site que, apesar de não ter sido por mim explorado como talvez merecesse, pareceu-me fazer uma apologia inocente e com bom gosto da Fernanda, exibindo numa das suas páginas diversas fotografias, qualquer uma delas, fazendo esquecer a imagem banalmente mediatizada da actriz/modelo e mostrando-nos uma mulher versátil e de uma beleza sofisticada, assim mesmo como a malta gosta. Não resisti e publico aqui, com a devida vénia, ‘a foto’ da Fernanda Serrano que julgo melhor ilustrar o que escrevo.
Ou seja, Fernanda, garantimos-te, se o que te tentaram fazer foi uma sacanice a sério, não calculam o favor que te fizeram. Como eu, quantos gajos não haverá por esse país fora, que foram inevitavelmente encalhar naquele ou noutro site de tributo á tua beleza, e perante ela não ficaram rendidos ?
E agora vou parar de escrever. Está quase a começar o “Amanhecer” e além disso tenho que preencher aqui a papelada para abrir conta no BPI.

quinta-feira, maio 22, 2003

Bufos & nus
O país está atrasado e assim não vai lá. A ultima que soube ilustra bem a falta de qualificação e formação profissional que grassa por estes arrabaldes. Numa escola secundária aqui da zona, um miúdo foi apanhado dentro da casa de banho própria para miúdos, calças em baixo, de playboy e pila, respectivos exemplares em cada mão. Uma auxiliar de educação bufa, depois de ouvir uns "barulhos esquisitos", apanhou a intrometida, o miúdo em flagrante mas legítimo delito, e denunciou-o de imediato á direcção da escola que aplicou ao efebo 2 (dois) dias de suspensão. Esta sentença aviltante que muito merecia vir escarrapachada no telejornal da TVI devia deixar-nos a todos indignados e fazer-nos reflectir sobre o cinismo que grassa até entre as auxiliares de educação. O jovem não tinha antecedentes, não estava numa via publica (logo não podia constituir um crime de atentado ao pudor), não estava na casa de banho dos professores ou das miúdas (logo não podia constituir uma excitante perversão) e praticava um acto reconhecidamente normal e próprio de qualquer idade (logo podia chamar em sua defesa testemunhos de figuras tão proeminentes como Júlio Machado Vaz) . Perdeu o jovem dois dias sabe-se lá de quão preciosas aulas, vitima da ignorância daquela auxiliar, que tinha a obrigação de estar preparada para situações como aquelas, e ao invés, feita histérica e armada em pudica, correu sabe-se lá com que abominável ligeireza até ao famigerado Conselho Executivo, onde os juizes de ocasião apenas demonstraram serem igualmente possuidores de falta de formação profissional, ao não condenarem antes a ingerência da rasca serviçal. É sempre o mais fraco que se lixa!
Se isto fosse o blog do pipi o mais provável era aquando do flagrante a história prosseguir um rumo pornográficamente normal mas quicá saudavelmente inesquecível para os intervenientes, i.e. a auxiliar fazia companhia ao jovem ou até mesmo dar-lhe-ia uma ajudazinha. Mas como não é, escreve-se aqui que a atitude correcta daquela auxiliar coitada era, obviamente, confrontada a embaraçosa situação, achar piada e dizer: "Olha eu vou sair, vou fingir que não vi nada. Mas sugiro que de futuro, para a escola tragas apenas os livros, e que faças o que estás a fazer na intimidade do teu lar." E o assunto ficava por ali. Não seria a resposta correcta e bem preparada duma auxiliar de educação bem qualificada para lidar com estas situações extremas ? Tirando o Pine Cliffs no Algarve, o mundo não é um lugar perfeito, assim como não há respostas perfeitas, comportamentos ou, tirando a Marisa Cruz, coisas perfeitas. Mas é assustador notar-se o quão fácil e cinicamente condenável pode ser este tipo de atitude de WC desviante mas afinal tão humana.
Vem-me á memória aquele ‘ganda maluco’ que numa manifestação de requintada boa disposição, entrou no principio da 2ª parte duma final de futebol, campo a dentro, mostrando o cartão vermelho ao arbitro para logo de seguida se despir e começar aos pontapés na bola. O fulano deve ter certamente ganho uma aposta qualquer, mas ficará sujeito ao mesmo tipo de cinismo de que foi alvo o jovem canholeiro da escola secundária. Sabe-se lá que sentença, quantos dias de prisão substituídos por multa levará um gajo que ao contrário de muito doente pervertido, não fez nada ás escondidas antes pelo contrário, desarmado e inofensivo, (apenas) contribuiu para fazer história naquele jogo, provocando um momento hilariante de ‘enterteinment’ à escala mundial. Ou acham que no futuro aquela final vai ser lembrada como mais uma final que o Porto ganhou ? Claro que não! Toda a gente vai lembrar-se da cena do gajo nu. Enquanto na escola, toda a gente vai lembrar-se de fechar a porta da casa de banho á chave, antes...
O Porto é uma cidade!*
* Presidente da república, primeiro ministro, 5 ou 6 ministros, vários secretários de estado, cerca de 40 deputados de alguns partidos, entre a assistência convidada pelo FCP para o jogo de ontem. Compreendo agora a tara desesperante dos clubes em quererem construir estádios novos e maiores. Bom senso teve a malta do Bloco de Esquerda que fez questão de afirmar que não tinha sido convidada mas mesmo que o fosse não punha lá os pés! Isto é que são verdadeiros Benfiquistas!!
* Foi engraçado notar que depois do jogo, após a fase mais exuberante da festa da entrega da taça, os jogadores do Porto já não sabiam o que fazer á mesma. A certa altura é visível a atrapalhação do Vitor Baia sem saber se a deixava ali na relva ou se a carregava ás costas até ao balneário. É que o homem estava desejoso de se pôr a imitar os pinotes do Mourinho. Por sorte havia ali um gajo de bigodes por perto, que lá carregou com ela.
* No tempo em que o Eusébio ganhava taças, era vê-lo agarrado a elas aos beijos e abraços. Eram menos pesadas é certo mas o homem era capaz de dar meia dúzia de voltas ao estádio com uma taça, e diz quem sabe que para a arrancar das mãos, tinha que ser sempre sob ameaça de o porem a jogar no Porto. Grande Eusébio!
* Em vez da taça, a cerimónia podia ser substituída pela entrega do cheque. Imaginemos, um cheque com os prémios de jogo ou seja, muitos cheques colados uns aos outros que formavam um cheque gigante. Os jogadores e os árbitros no final da final só tinham de separar o respectivo pelo picotado e depois podiam dar as cambalhotas que quisessem sem o perigo de deixarem cair um monte de prata com 15 quilos em cima das botas. Podiam até dar voltas ao estádio acenando os cheques ao público que retribuiria acenando com os guardanapos onde tinha trazido embrulhados os couratos. Seria mais bonito.
* P.....ara.......béns! Já disse, pronto!

quarta-feira, maio 21, 2003

O Friedrich é que sabe
Há factos de carácter tão delicado que convém encobri-los e torná-los irreconhecíveis por meio duma grosseria; há certas manifestações de amor e de uma generosidade exuberante, depois das quais nada há de mais aconselhável do que pegar num bastão e dar uma sova à testemunha ocular: assim se turva a sua memória.”, Nietzsche, “Para Além de Bem e Mal

terça-feira, maio 20, 2003

Sentidos para a vida: Olivença
Descobri ontem um desígnio nacional esquecido. O nome Olivença não me era estranho. Sempre julguei tratar-se duma qualquer terriola meio alagada pelo Alqueva e perdida ali por detrás dum monte alentejano qualquer mandado restaurar por uma qualquer vedeta do jet-set televisivo. Não foi bem assim o que imaginei, mas acho que fica bem escrever assim. Na realidade o nome Olivença não me dizia absolutamente nada, e se me perguntassem ontem antes do meio dia onde ficava, eu dizia que ficava algures no Alentejo, e depois provavelmente até seria levado a perguntar se o nome da terra era mesmo aquele, se não seria antes Oliveiça... Isto é pura ignorância, confesso. Qualquer português que se preze devia saber de cor o nome de todas as terras que lhe foram usurpadas ilegalmente por essa malta que só tem feito má vizinhança e dá pelo nome de Espanhóis.
E Olivença é um desses casos como os há muitos, de violação flagrante do direito internacional. E qualquer dia são tantos que alguém terá de fazer o favor de arranjar uma nova designação que esta de tão gasta tem os dias contados. A região de Olivença sempre foi meio nossa, meio espanhola, meio árabe, meio de outros ocupantes políticos e militares da península ibérica, e se calhar pouco foi dos que lá viviam. O que é certo é que em determinada altura ela, a região de Olivença que ainda é tão ou maior que a península da margem sul (zona entre Setúbal e Lisboa, englobando os concelhos do Seixal, Almada, Sesimbra e Barreiro), foi nossa de papel passado e tudo. Ora naqueles tempos um papel passado tinha tanto valor como um gajo passado (daí a origem do nome). E com miufa dos Espanhóis que naquele tempo andavam com os Franceses ás cavalitas, lá lhes cedemos aquelas terras de perder a vista depois de Elvas, do outro lado do Guadiana. Só que os Espanhóis marimbaram-se para o que estava estabelecido, e queriam mais. Ai é, então não levam nada e passem para cá Olivença! Tudo se resolveria a bem com novo tratado anos mais tarde, onde o raio dos Espanhóis reconheciam o direito de Portugal a Olivença e prometiam devolver aquelas terras ao nosso mapa.... Até hoje!
Isto arrisca-se a ser uma causa não só esquecida como também perdida. É uma questão de direito internacional, mas o direito internacional é cada vez mais uma cantiga de embalar países pequeninos. Qualquer re-anexação na prática só se concretizaria de duas maneiras e qual delas mais remotamente impossível. Ou eram os próprios Olivences que diziam “Porra estamos fartos de comer tapas e tortilhas e já temos saudades dum bom cozido á portuguesa. Não nos importamos de deixar de pertencer a Espanha, país com um nivel de vida muito superior e passamos a ser Portugueses de pleno, com direito á mais baixa taxa de produtividade da Europa! Isso aí são torresmos não são ?”, ou os próprios Espanhóis que, e só lhes ficavam bem, diziam “Por supuesto cono, Olivença é portuguesa, tenham paciência Olivences, sei que vão passar de cavalo para burro mas tem que ser. Somos gente séria! Contem com uns subsidiozitos para vos compensar do trauma, até para ficarmos bem com a nossa consciência pelo muito que sacámos deste pequeno território português, ainda assim maior que muitos países independentes. Não levem a mal... Olhem, boa sorte.”
Toda a cronologia e tudo sobre Olivença e a sua história pode ser sabido tim-tim por tim-tim em www.olivenca.org, o site dos amigos, que vêem no caso certamente uma excelente maneira de cá se ir andando.

sexta-feira, maio 16, 2003

Alguem mas noutra encarnação A carraça
Um homem vai num comboio a ler um livro comprado numa estação de serviço. O cheiro a gasolina atrai uma melga resistente ao ar condicionado que poisa em cima duma pinhoada de marca branca, precisamente no momento em que o homem a leva á boca. Entretanto, estação a estação, o comboio vai enchendo e várias pessoas vão ora ficando sem carteira, umas, ora retocando a maquilhagem, outras. Alguém repara então que o homem que lê tem uma carraça no nariz. Mas não é uma carraça. Há uma criancinha que começa num berreiro daqueles normais. Neste momento ninguém sabe que não é uma carraça, mas toda a gente pensa que é. Todos passam, reparam e ninguém diz nada porque ninguém tem coragem de dizer olhe desculpe mas não é uma carraça o que tem aí no nariz ? Pode ser uma carraça de estimação, diz o revisor alertado por um passageiro que entretanto lhe suja os sapatos com um vomitado verde pastoso mas sem cheiro. Será melhor não dizer nada e limpar-me antes os sapatos, continuou enquanto picava mais um dedo por engano. Mais á frente um jovem com uma camisola cor de rosa abriu uma das janelas e pôs-se debruçado do lado de fora, na esperança de ser colhido por um poste plantado mais perto da via férrea. Devido ao vento que entrava na carruagem, uma senhora começou a sentir falta de ar e tentou em vão acordar o marido que a seu lado sonhava ter uma pequena loja de encadernação de fascículos na Sibéria. Ouve-se um apito seguido dum pequeno estrondo e por uma das janelas do comboio entra um sapato de salto alto de senhora ainda com a etiqueta do preço por baixo. O revisor usa-o para estancar o sangue que lhe sai dos dedos. O homem que lê chega ao fim da página 68 e isso significa que a próxima estação é a dele. Fecha o livro e repara então que tem algo escuro na ponta do nariz. Tira uma pequena pinça de dentro do bolso da camisa e retira a partícula negra do nariz. Prova para ver o que é. Todos os passageiros olham-no com expectativa e neste momento o comboio passa por um poste plantado muito perto da linha férrea. Sabe a fruto seco mas ninguém para além do homem sabe. Na loja de encadernação surge uma cliente que em russo informa o dono da loja da morte da sua esposa. O encadernador não compreende o que a mulher diz mas presume pela cara de felicidade dela que sejam boas noticias e decide fazer saldos para comemorar. É um amendoim com mel. A criancinha continua a chorar e a mãezinha diz-lhe pronto filho pronto o senhor já comeu a carraça já passou, já passou.
"C'est l'histoire d'un mec qui tombe d'un immeuble de cinquante étages; au fur et à mesure de sa chute il se répète sans cesse pour se rassurer:
jusqu'ici tout va bien,
jusqu'ici tout va bien,
jusqu'ici tout va bien...
mais l'important, c'est pas la chute c'est l'atterrissage."
“La Haine”, Mathieu Kassovitz, Film français (1995)

quinta-feira, maio 15, 2003

Ter uma certeza qualquer
"Prova-o! Dá-me disso uma prova (...), já! (...) Faz-me ver isso ou, pelo menos, prova-o de tal maneira que a demonstração não dê aso à menor dúvida! (...). Preciso de uma prova. Uma prova, ouviste ? (...) Quem me dera ter uma certeza!".
Shakespeare (Otelo, Acto III, Cena III)
Mas (afinal) de onde é que apareceu esta gaja ?
Chiça!!! Está num comentário mas merece a 1ª página caraças!
"
Aqui está finalmente uma ferramenta imprescindível para os iluminados com QI superior aos comuns mortais, e que não lêm as revistas do coração, mas encontraram finalmente uma forma excepcional de utilizar a tecnologia para se mostrarem e serem vistos pela comunidade virtual superior, sem serem pirosos, claro.
.Abençoados Blogs!
Agora já podemos ser como os outros, mas diferentes.
Confesso que estou tentada. Penso mesmo que não poderei mais ser respeitada pelo namorado nem pela familia se não demonstrar publicamente o meu Blogoego.
Efectivamente não me dou suficiente importância( alter ego...)
Somos também intelectuais virtuais, pois sim senhor.O Matrix tem muito que se lhe diga
Não só na terra como Céu! Amen
Podemos então soltar o nosso ego por esses fios e ligações de todo o mundo e acima de tudo, ver sem ser visto!
Pois vamos então despejar o nosso conteúdo e mostrar a capacidade literária e cultural a outros tantos iluminados quais voyeuristas de Big Brother para sobredotados. Apaziguados enfim e sem recorrer ao Psicólogo ( tá a ficar "out").
Até as caralhadas têm outro sabor.
São palavrões sim senhor, mas com cultura, nota-se logo a diferença.
Claro que a restante maralha não poderá alcançar o sabor da irreverência, de um humor espirituoso e intelectual.
Viva a irreverência pois dela será o reino dos iluminados, já que os outros são simplesmente broncos.
Um dia sem Blogar e já se nota o frenesim. Sim porque é mais barato que o Prozac, e tem um efeito muito mais terapêutico para o ego. Não somos carneirada não senhor!
Isso é para a camada dos shim shenores k papa as telenovelas e os reality shows.
E para os iluminados que no fundo também são gente (?) Afinal também há que aderir e Zás eis que já não és ninguém se não tens Blog, tal como revistas cor de rosa para classes incompreendidas.
Como é bom Blogar . Parafraseando o aberrante filme Titanic " I´m the King of the world", por instantes. Frustrante é olhar para o "tamanho" do próximo, que não resistimos mas nos deixa sempre com a sensação de que o nosso é mais pequeno, ou menos qualquer coisa... Perversamente voyeuristas, não ha´como escapar.
E como uma lufada de ar fresco, Blogemos enchamos os pulmões de ego que nos dias que correm bastante falta faz. Sempre ajuda a passar outras faltas e defeitos que não nos permitimos questionar.
São SOS´s da alma, mas com requinte e literados
Cada país tem o jet set que merece, e os intelectuais do tamanho dos seus metros quadrados.
"

quarta-feira, maio 14, 2003

Ainda assim, o que é preferível ?
Resultado da primeira grandiosa sondagem (poll) ou poll (sondagem) qualquer:
Passar fome!: 37,5%
Comer comida estragada!: 62,5%
Universo: 8 cliqueiros(as).
Á boca da urna: toda a gente se lembrava dum tal filme onde não sei quê a malta se comia uma á outra porque tinham caído de avião e não sei quê e que aquilo foi mesmo real e que depois tiveram que receber tratamento psiquiátrico.
Cabedal
Esta coisa de um gajo escrever e não ganhar nada com isso pode ser complicada. Convertendo-se em Euros o tempo que se despende nesta labuta, é só real prejuízo. Ganhar ganhar, ganha-se sempre alguma coisa ou alguma coisinha, um auto-enriquecimento interior se assim lhe quisermos chamar, um consolo que muito valorizamos. Coisa que só quem escreve compreende e sabe dar valor, principalmente quando olha para trás e vê o quanto enriqueceu porque quão parco foi aquilo que já escreveu há mais ou menos tempo. Uma espécie de evolução da espécie qualquer, uma mais valia muito intima que só á distancia do tempo reconhecemos.
Um gajo que se deixe de tretas e ganhe dinheiro com o que escreve, está bem porque não tem esta relação monogâmica e obsessiva com a escrita que a maior parte da maralha tem. Se ganhar bem, vender muito bem, então até põe o gerente de conta a ler e a pedir-lhe autógrafos fora da zona reservada para o efeito, o que é bom sinal.
Isto da escrita exige metade de inspiração, outra metade de jeito, e outra metade de experiência e nenhuma vocação para a matemática. Mas a metade de experiência de vida, é sem sombras a metade mais importante. A escrita e a experiência da vida enriquecem e ajudam-se mutuamente mas não coexistem pacificamente. Explico, que um gajo que escreva muito não pode obviamente viver muito e vice-versa. É que a escrita não é vida para ninguém, ocupa muito e ás vezes pode ser tão trabalhosa que se pode tornar numa espécie de 11ª praga do Egipto. Só mesmo para quem faça vida disto. E esses, os que comem e apresentam sinais de riqueza exterior á pala da escrita, dão-se ao luxo de comprar experiência porque têm tempo e capital para isso. É que são as experiências que dão origem á experiência que por sua vez dá origem ás letras que vemos impressas nos livros, blogs e afins. E as experiências hoje em dia quase que se vendem ao quilo, compram-se como quase tudo, é um mercado em expansão.
Uma gaja minha conhecida andava a ser engatada por um escritor que anda muito aí na berlinda. O tipo, casado, teria decidido ‘comprar’ uma experiência, investindo o seu tempo nela, solteira já algo fora do prazo e digo-o claramente convencido de que ela não lerá isto, e as amigas que diziam que tudo não passava de mais uma experiência do gajo que armado em vampiro queria ir beber da excentricidade e da experiência de vida da amiga solteira e depois mandá-la dar uma curva porque era casado e ainda por cima escritor. E dar-lhe umas quecas também antes da curva, está claro de se ver. Dor de cotovelo pensei. Mas, as gajas amigas além da dor, tinham razão, estou absolutamente convencido disso. Apesar do choradinho lamentável que o tipo tem feito, um show-off típico de escritor, a amiga que não é parva nenhuma, marimbou-se para o gajo antes que ele guina-se. Mas lá está, a situação decerto serviu de inspiração para o vampiro. Nunca se perde gota de sangue nestas situações e um escritor sabe sempre que nunca tem nada a perder quando se trata de conseguir inspiração. A esta hora deverá estar a ser confortado por outra experiência qualquer e nas horas livres, i.e. em casa enquanto a mulher faz a paparoca, está o gajo a debitar pró teclado mais umas quantas ideias que em breve serão convertidas em euros. As gajas deviam cobrar direitos de autor mas contentam-se pelo enriquecimento do currículo sentimental e saem com a sensação do dever cumprido, de terem causado a tal dor de cotovelo ás amigas que entretanto se perfilaram inutilmente debaixo da dentuça do vampiro.
Ora, há por aí muito boa gente a blogar, pior, a escrever sofregamente. Não falo de mim, que escrevo sofregamente mas porque fujo do horário de expediente que tenho que cumprir. Falo de quem parece não ter vida para mais nada que não seja escrever, manter 2,3 sabe-se lá quantos blogs em simultâneo, alguns com grande competência. Como é que conseguem ? Não ganhando supostamente massa com isso, como é possível tentar dormir, trabalhar, comer, e beber ocasionalmente umas bejecas e isto só para falar do mais politicamente convencional ? Ou seja, e espaço para a experiência, para essa loucura que é a experiência necessariamente gratuita para nós amadores, que nos dá cabedal para escrever ?

terça-feira, maio 13, 2003

Um nick qualquer, umas bocas e já está! A partir de agora, estou a mercê da crítica. Vou dormir!

segunda-feira, maio 12, 2003

Estado da blogação II
O fenómeno Blog tem uma extensão maior do que aquilo que inicialmente julguei. São aos milhares, aos milhões. Até gente respeitável como o abrupto Pacheco Pereira já tem blog e há por aí muito jornalista e politico a blogar mais ou menos á sucapa. Os blogs não são exclusivos de "malta meio marada" e "sempre com ideias". Veja-se o igualmente surpreendente O Meu Pipi que é muito mais do que uma avalanche de palavrões. É também uma avalanche de palavrões... E uma escalada ao topo do bom humor também. Se isto não é alpinismo nem liberdade, e de expressão ainda por cima, então não sei o que é. Não li os termos de adesão ao blogger mas convencido estava que algures existiriam cláusulas proibindo o uso do palavrão vulgo c*ralhada. Suspeitei que os gajos teriam um software multilingue qualquer que vasculhava a pente fino o que a malta escrevia e mais tarde ou mais cedo estavamos a levar com a marreta. Pois parece que não, mas continuarei a colocar os * nos sitios certos, pequena auto-censura que acho me fica bem.
Directamente do produtor...Visitor Q
O ultimo filme que vejo, começa com o pai a fornicar a filha adolescente e prostituta, e acaba com ambos a mamar nos seios da mãe também prostituta e toxicodependente. O que acontece no meio é algo parecido. O filme é japonês, é sobre uma família. Filme de culto á vista!
Ficção cientifica
Escrito por Sade (Marquês de), está a senhora Dolmène em convívio intimo com um dos seus amantes quando chega outro amante, dos seus mais fieis.
“- Que vejo! Traidora! Então é isso que me reservas ?
- Que diabo tens tu ? Não vejo nada que te moleste por demais; não nos incomodes amigo meu, e acomoda-te no que ainda te sobra; como bem podes ver, há lugar para dois.”
Solidariedade
Vejo num jornal diário um desenho da menina que levou um tiro na cabeça, em leilão. No culminar duma solidariedade espontanea gerada logo pós o acontecimento, seria natural que um rabisco da criança, disputado, chegasse digamos que aos 50 contos mais conto menos conto... Seria razoável... parece-me... Mas é essa a base de licitação (!) de um dos vários rabiscos a leiloar. Ou seja, o leiloeiro certamente aceitará pagamento por cheque, mas só visado. Para pessoal da Quinta da Marinha para cima.
Anedota de Elite
"Uma cliente do BES encontra uma amiga:
- Olá como estás ?
- Estou grávida!
- Ai sim ?! Então parabéns... e já falaste com o teu marido ?
- Não!.. Falei com o teu!"

sexta-feira, maio 09, 2003

Icone 2.0
Logo este mês que estava decidido a comprar a GQ, aparece-me a Catarina Furtado na capa, anunciada mais sexy que nunca, fotografada por um nome estrangeiro. Por uma questão coerência adio a compra. Tempos houve em que era capaz de lhe pagar um copo no Bairro Alto, sonho de qualquer telespectador anónimo. Não nos esqueçamos que afinal já foi a namoradinha de Portugal. Mas uma pessoa cresce.

quinta-feira, maio 08, 2003

Inside trading
"Se tem um marido mulherengo - dicas para saber como segurá-lo" in revista qualquer estilo Maria Moderna ou Mulher Maria, nas bancas.
Dica: Experimente segurá-lo como se estivesse a agarrar numa raquete.
- A preta faz-me calor nos pes!Ende de oscar gous tu II
Oscar para o slogan publicitário com mais baixo teor alcoólico: Centralcer, meio ‘out-door’, produto Sagres com: “A preta para quem gosta de preta”.
Sinopse: Um copo de cerveja está tão cheio de si que começa a transbordar para fora uma espuma espessa e compacta semelhante aquela que se forma pelo bater das ondas na areia da fonte da telha quando ao largo os petroleiros limpam os depósitos. Mas para não haver confusões, o rótulo aposto no copo é revelador: aquele liquido preto não é ‘ouro negro’, é na realidade cerveja preta sobre um fundo preto, um acessório poético e uma manobra de diversão pois toda a gente sabe que em certas zonas do Algarve, a preta, ‘apanhar uma preta’ ou ‘estar com uma preta’ é o mesmo que dizer apanhar ou estar com uma bebedeira. Em Lisboa, as pretas do Intendente não são aconselháveis porque o mais certo é apanhar antes uma grande camada de chatos. A preta em si mesma, i.e. mulher com ‘forte pigmentação’ é um objecto de culto sexual, e a par do ‘menage-a-trois’, faz parte da fantasia sexual de qualquer gajo que se preze e com menos pigmentação. Quem não se lembra daquela máquina de gritar que entrava naquele videoclip do então preto Michael Jackson, o ‘thriler’ ? Dali saiu ela disparada para as páginas centrais de uma das playboy mais circuladas na escola das Cavaquinhas (nome ridículo do local onde andei na escola secundária).
O fundo negro do out-door esconde também algo ainda mais obscuro e mesmo nada alcoólico. Se virmos bem, na nossa adolescência, nas nossas matinés de VHS's pornográficos, todas as pilas que apareciam no écran eram mais pretas que a nossa, o que fazia com que nos interrogasse-mos secretamente se alguma vez seriamos capazes de provocar o mesmo gozo a uma gaja como fazia a ‘preta’ do lendário John Holmes. De maneira nenhuma foi isto traumatizante pois em vez da cor, a maior parte da malta tornou-se antes secretamente obcecada pelo tamanho, o que não se pode considerar propriamente um trauma, antes uma obsessão ou melhor uma secreta preocupação. 20 cl é o padrão. A caneca, enquanto se bebe e não se bebe, nas calmas como deve ser, perde o gás.
Hoje parece mesmo que é o primeiro dia do resto do Verão. É a luz, a luminosidade, o sabor nos olhos. E o azul Verão do mar confirmou-me. O Tejo parecia quase um espelho hoje, lá em baixo, o Tejo está lá em baixo, um barco de pesca, deve ser, parece não ter ninguém, parece.

quarta-feira, maio 07, 2003

- Este ano vou passar ferias ao Vaticano!Marilyn
Tenho curiosidade em ver Marilyn Manson ao vivo. Tenho admiração pelo gajo. A musica é potente e depois há aquela provocação que acontece simplesmente quando o fulano aparece. Tudo aquilo soa a artificial mas Manson está muitos patamares acima da mera fantochada. Há ali uma excelente produção artistica, toda uma acuidade visual impressionante. Como tudo o que é artificial tem a tendência para mais cedo ou mais tarde se tornar natural, há que aproveitar enquanto é tempo. O tipo vem cá a Lisboa, parece que dia 29.

terça-feira, maio 06, 2003

Ai que bom que é ganhar um campeonato
- “Não sei explicar, é uma sensação... não tenho palavras!”
A pergunta não era propriamente o que se sente quando se está a ter um orgasmo. Estava-se antes a responder sobre o que se sentia com a conquista de mais um campeonato. E o portista anónimo (adepto do FCP, não confundir com portuense, cidadão do Porto), na rádio, lá respondeu, entre a gritaria de fundo que se impunha. No projecto imbecilitivo da nação, as gentes fanáticas do FCP parecem tomar a dianteira. São campeões disso sim senhor. Isto não é a loucura do futebol, poderoso conceito de marketing fomentado pelos media, e antes o fosse. A tal loucura, saudável loucura não existe porque sorrateiramente fomenta-se algo que dá mais lucro: a demência do futebol. Hoje o campeonato, amanha depois do jantar o mundo
Quando o que está em jogo é o capital, é grotesco ver as manifestações de suposto jubilo dos adeptos. Alguém que avise aquela pobre gente que o que estão a fazer é patético e tinha lógica no século passado. Lembram-se quando os jogadores tinham amor á camisola ? Quando os clubes eram clubes e haviam sócios honorários quando agora há empresas e accionistas maioritários ? Quando o clube representava a terra e não interesses obscuros ? Quando o vencimento dos jogadores era pago pelas cotas dos sócios e pela publicidade nas camisolas e não por encaixes financeiros duvidosos e subsídios e benesses escandalosas do Estado ? Quando os jogadores apareciam nos areais da Costa da Caparica para umas peladinhas aos domingos de manhã e agora só aparecem na Caras a mostrar a casa do Algarve ? Hei, acordem, tudo está a passar para o século passado. Comportem-se com juizinho. Vocês de azul e branco não ganham absolutamente nada. Nada. Festejar o quê ? Campeões, o campeonato ?!! O que é isso, o que é que ganham com isso ?! Actualmente no futebol a única coisa que se ganha é dinheiro e esse ganham-no unicamente os que festejam muito discretamente, acreditem. Foram vocês que o deram a ganhar e ainda sentem felicidade por isso ? Que raio de felicidade essa ? Compram algo que não têm necessidade de comprar e compram-no cada vez mais caro. E essa mercadoria que recebem em troca está inquinada, é uma bandeja dourada servida com um delicioso nada. Procurem outras fontes alternativas de prazer e alegria! Na arte, na musica, na natureza ou nos outros e nas outras, na rebaldaria da vida. Procurem e não deixem que não os deixem procurar. Resgatem a dignidade do cidadão e do Homem que deve estar muito á frente da fraca figura que fazem, de ordeiros adeptos mais consumistas do que ferrenhos e mandem a gritaria e a imbecilidade dar uma curva, atirem os diários desportivos, os cachecois, as T-shirts do clube, a Sport TV ás urtigas. Desde quando já se viu pagar para ver futebol em casa ? Ou sentem-se melhor assim, é essa a forma redutora, o pequeno grande sacrifício que cada um de vocês faz para se manter ligado ao sistema vitorioso, ao circulo vicioso do futebol que vocês orgulhosamente alimentam e que é tudo menos o clube e jogo da bola, e contribuir dessa maneira para pagar mais um litro de gasolina e mais uma das porcas que apertam as jantes especiais dos carro dos Pintos da Costa ? E quantos milhões afinal são vocês, que dá para muito, fartura de carros e casas não lhes faltam, assim como não vos faltarão sanitas no novo estádio.Volto a fazer a barba no dia em que o Benfica for campeao
Daí que as pessoas, dementes de azul e branco, não consigam explicar o que sentem e mesmo as que dizem sentir uma grande felicidade ou alegria, dizem-no porque é suposto serem esses os sentimentos ‘normais’ que devem sentir, é o que lhes é vendido ou dado de barato pelos clubes via os média. Toc-toc... Ouvem ? Estão ocos. A própria manifestação da vitória é no adepto portista tanto mais tristemente efusiva, irreal e vazia porque, não ganhando nada na realidade, de facto houve alguém que não ganhou ou que perdeu (no caso, os restantes clubes/adeptos, ainda que também nada tenham perdido). Logo, festeja-se, festeja-se a suposta humilhação.
É com muito orgulho que faço parte dos perdedores e agradeço esta calma e lucidez que a derrota proporciona e que, pode ser, contamine, felizmente a maioria, da população da nação. E se alguma vez o Benfica (voltar a) ganhar alguma coisa, que a malta beba lucidamente uns copos e ignore os microfones da rádio e as cameras de televisão porque não lhe pagam para isso, e saiba explicar a quem terá de dar talvez satisfações, ao dono do bar, porque está, simplesmente, satisfeita, e mande vir mais uma.

De volta ao Blogger

Depois de uma passagem pelo Weblog, o espécie volta ao Blogger.