segunda-feira, março 08, 2004

quarta-feira, março 03, 2004

O aniversário

É verdade, hoje este blog completa o seu primeiro ano de vida. Não posso esconder algum orgulho por ter chegado até aqui, escrevendo regularmente, diria 3 ou 4 vezes por semana. Isto conhecendo-me como me conheço, trabalhando onde trabalho, com a disponibilidade que tenho, é obra. E nem de de propósito, a frase do dia no Citador, aqui ao lado, diz Cícero que "todos acham as suas obras belas". Subscrevo.
Ainda há um orgulho extra, o de ter-me metido nisto algum tempo antes do grande boom dos blogs se ter dado em Portugal, sabendo no entanto que muitos já cá andavam muito antes de mim. Não sou portanto propriamente um pioneiro mas à medida que o tempo passa, vou sendo cada vez mais um resistente. O futuro só a nós pertence.

Anedotomania (post especial: 'collectors edition')

Ás vezes penso que nunca terei sorte na vida. Por arrasto, nunca serei feliz. Feliz no sentido abstracto e delirante da palavra; isto é, por exemplo, andar nas nuvens a enviar e receber sorrisos de outras pessoas felizes que circulam na vida também nas suas próprias nuvens... É confortável e fácil pensar que a felicidade não existe. Mas a sorte existe e negá-la é impossível... E a sorte pode ser um excelente substituto da felicidade.
Começo a aperceber-me que a sorte sorri cada vez mais àqueles que sabem contar anedotas. Pode ser tudo uma grande coincidência, mas é o que tenho constatado. E por isso fico ainda mais desolado. Nunca tive grande jeito para contar anedotas. Nem grande nem pequeno. Sou uma nulidade. A habilidade exige expressividade e eloquência, coisas que não são propriamente dons em mim. A inteligência não é requisito obrigatório, ao contrário do rosto de quem a conta, que convém ser daquele tipo de rosto que facilmente se possa confundir com a sua própria caricatura. Além disso, a arte de bem contar anedotas exige também uma memória prodigiosa. Há pessoas com um inventário anedotal tão vasto que para elas a carie que andamos a tratar faz-lhes lembrar mais ou menos quinhentas anedotas de morrer a rir. Por exemplo, o meu dentista é um desses, e está sempre a dar-me na cabeça porque me esqueço de ir ás consultas.
Actualmente existe por toda a parte um fenómeno de anedotomania de proporções alarmantes. Na net, por mail deverão circular diariamente milhões de anedotas diferentes ou iguais aquelas que recebemos há dois anos atrás e que certamente ainda haveremos de receber várias vezes ao longo da vida. Na televisão, os malucos do riso e o levanta-te e ri exploram e reforçam a mania de forma lucrativa. Por toda a parte vemos pessoas serem brindadas, reconhecidas e premiadas com muitos amigos e secadores de cabelo, por saberem contar bem anedotas. Não há noite entre amigos numa esplanada que não vá descambar num vazio de temas e ideias, consequentemente, num chorrilho de anedotas. Nas escolas as criancinhas trocam entre si anedotas supostamente proibitivas para as suas idades. Se antigamente provar o fruto proibido era saltar o muro da escola para ir á laranja na quinta ao lado, agora os putos entretêm-se a contar anedotas porcas. E os namorados passaram a substituir as promessas de amor por anedotas. As mulheres gostam de gajos que as façam rir, mesmo que seja da forma fácil e imbecil. A anedota é um anestesiante de curto efeito, mas, se bem ministrado, é o suficiente para convencer o nosso gerente de conta a baixar-nos o spread do crédito habitação. Ou seja, saber contar bem anedotas certas, no lugar e sítio certos, hoje em dia além de poder ser um eficaz elixir para a nossa auto-estima, pode-nos abrir muitas portas e por arrasto, conseguir muitos engates.
Durante anos a fio fui incapaz de reter uma anedota que fosse. Depois de me rir á gargalhada, passados 10 minutos já não sabia do que me tinha estado a rir. Isto era dramático e melhor que ninguém, eu soube compreender muito bem o gajo do “Memento”. Defeito genético ou não, era incapaz de contar uma anedota sequer. Agora já estou melhorzinho, e cada vez que oiço uma mesmo mesmo boa, ainda consigo lembrar-me dela a tempo de escrever aqui no blog.
Para país anedótico, cidadãos anedóticos. E a este respeito julgo existirem ainda imensas minorias de gentinha iletrada sem o menor jeitinho para saber sequer quem é o Fernando Rocha e muito menos contar anedotas. Exigiam-se cursos de formação financiados pelo FSE (vulgo, cursos da CEE). Para o bem comum, qualquer cidadão devia estar habilitado a saber contar e, não menos importante, saber aceitar viver como uma anedota.

segunda-feira, março 01, 2004

Hermanices

Ontem na SIC vi Herman contemplar, com um jantar á pala no seu restaurante, alguém de Torres Novas, suposto autor da melhor anedota da semana. Já no dia anterior lera eu na Maxmen que um leitor tinha sido contemplado com um jogo de pneus de automóvel, por ter sido o suposto autor da anedota do mês. Característica comum a ambas as anedotas: o cú. A do Herman, era a história da pila que andava a trás do cu, e a da revista Maxmen, a história do cartão único (C.U.). A primeira já tem barbas, a segunda já deve ter passado pela caixa de correio electrónico de metade da população dos Palops. Naturalmente que a rapaziada contemplada não foi a autora das anedotas. Mas foi premiada e porque ninguém os acusará de plágio ou reclamará direitos de autor, acabará por receber os prémios. O que acho injusto porque todas as anedotas são património da humanidade e não deveriam ser reivindicadas por quem quer que fosse para proveito pessoal.
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Ainda ontem no Herman, depois da intervenção dramática de Lili, achei injusto o mérito daquela soberba encenação ter ido todo para a loira e também para o público que, segundo um muito modesto Herman, “esteve muito bem e não se desmanchou”. É que só não viu quem não quis ver, a soberba interpretação do humorista em noite de Oscares. Herman e aquela interpretação de pessoa estupefacta com o que ouvia, aqueles longos segundos como se não soubesse o que dizer depois de Lili se ter retirado, fingindo estar toda f*dida com ele e a sua pandilha por ser o a ceguinha em que todos batem, aquele acabrunhado “Bem, vamos para intervalo e já voltamos!”....
Naturalmente que todos nós sabíamos que tudo aquilo tinha sido uma bela representação, que depois Lili re-entraria triunfante, interpretando aquela personagem radiante a que já nos acostumou... Mas ainda assim Herman fez bem em esclarecer que tudo tinha sido previamente combinado ao milímetro. Faltou só um ligeiro gaguejar para que ele estivesse perfeito...Assim como faltou o prometido comunicado da direcção de programas para mais tarde... ah, é verdade, também isso afinal era só de faz de conta.
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Há muitos domingos à noite que não via mais que 10 minutos de Herman. E ontem reforcei a ideia menos boa que já tinha do programa e do humorista, assim como aumentou a minha saudade das radionovelas e bonecos que outrora interpretava diariamente na rádio. O programa parece estar feito mais para ele e para trupe do costume do que para o público. São eles quem se divertem à brava quando era suposto ser ao contrário ou pelo menos em proporções menos escandalosas. Principalmente Herman, parece continuar a querer demonstrar á força, como se fosse agora o seu cavalo de batalha, um cada vez mais ostensivo “nós por cá tudo bem”. Parafraseando um dos seus bonecos, “não habia nexexidade!” Depois do seu muito falado cabelo pintado de loiro, ontem até apresentou o programa impunhando maracas e tudo, exibindo ainda, com a sua habitual displicência, as quatro estrelas da noite, debruadas nos mamilos de duas curvilíneas meninas para evitarem educadamente o top-less integral. Desfilaram várias vezes pelo écran manifestando talentos nitidamente importados directamente do strip-club mais próximo. Ok Herman, estás desculpado, as maracas serviam para manteres as mãos ocupadas... Depois de tanto faz de conta, fiquei apenas na dúvida: aquelas mamocas, seriam verdadeiras ou verdadeiras com silicone ?

De volta ao Blogger

Depois de uma passagem pelo Weblog, o espécie volta ao Blogger.